‘Three Friends’, terceiro álbum do Gentle Giant une o profundo e virtuoso à simplicidade conceitual de momentos nostálgicos
- Caio Alves
- 27 de jun. de 2024
- 13 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2024
Disco representa lição de vida, abordando amizade na infância e decisões da vida adulta
Alguns discos prendem os ouvintes por meio da sonoridade inovadora, outros pelo conceito e letras geniais, também há os que são escutados por conta da fama de quem canta e toca, e por aí vai. Deixando o último pretexto um pouco de fora, já que o Gentle Giant, banda inglesa de rock progressivo, não chegou a alcançar o devido status enquanto esteve na ativa, pode-se afirmar que aqueles dois primeiros motivos se encaixam na impressão passada ao conferir o álbum Three Friends, terceiro trabalho em estúdio do grupo. Construído à base de nostalgia, lição de vida e muito virtuosismo de músicos que prometiam uma carreira brilhante, tal disco, lançado no dia 14 de abril de 1972, é o primeiro conceitual do Giant, pautando algo corriqueiro na vida da maioria, senão de todas as pessoas: três amigos de infância acabam se separando na chegada da vida adulta, devido às divergências nas decisões profissionais, realidades de vida e classes sociais.
Após dois álbuns de estúdio produzidos pelo norte-americano Tony Visconti, Gentle Giant (1970) e Acquiring the Taste (1971), o grupo opta por cuidar ele próprio da produção de seu terceiro disco, deixando quase totalmente de lado a sonoridade do rock clássico e blues das primeiras gravações, e aprimorando, definitivamente, o lado progressivo. Mantendo os irmãos Derek, Phil e Ray Shulman e os integrantes Gary Green e Kerry Minnear na formação, a banda convoca o baterista Malcolm Mortimore para o lugar de Martin Smith. Tal disco seria o único de Mortimore com o Giant, tendo em vista sua substituição posterior por John Weathers, contratado, em um primeiro momento, para suprir a falta de baterista durante uma turnê da banda, já que Mortimore havia se envolvido em um acidente de trânsito.
Three Friends também pode ser notado como o primeiro grande passo ambicioso do Giant, que lançaria, após este, discos cada vez mais rebuscados, a exemplo de Octopus (1972), apontado por Ray Shulman, em 2004, como o provável melhor álbum da banda junto de Acquiring the Taste (1971), In a Glass House (1973), também muito lembrado pelos fãs, sobretudo os que também são musicistas, The Power and the Glory (1974), com seu conceito de crítica irônica à falsidade política e produção memoráveis, e Free Hand (1975), último disco antes do decaimento natural do estilo progressivo do grupo. Assim como os dois primeiros álbuns do Giant, Three Friends foi lançado, no Reino Unido, sob o selo da Vertigo Records, gravadora que era especialista em rock progressivo e outros estilos musicais não convencionais.
Pré-Gentle Giant
Fazendo a linha do tempo retroceder para o ano de 1966, os irmãos Shulman, que já eram multi-instrumentistas, devido ao incentivo do pai deles, um trompetista de jazz, juntaram-se aos músicos Eric Hine, tecladista, Pete O'Flaherty, baixista, e Tony Ransley, baterista, para formarem a banda Simon Dupree and the Big Sound, nomeada anteriormente de The Howling Wolves e, em outro momento, The Road Runners. A ideia inicial, no quesito sonoridade, era levar o grupo ao estilo do soul e rhythm and blues, tipo de música apreciado pelos Shulman.
Após assinar contrato com a gravadora Parlophone, da EMI, a banda primeiramente lançou os singles I See the Light / It Is Finished (1966), Reservations / You Need a Man (1967) e Day Time, Night Time / I've Seen It All Before (1967), que não supriram as expectativas da gravadora. Dessa maneira, contra a vontade dos integrantes, o Simon Dupree foi levado a gravar um single voltado para o pop psicodélico, o que acabou dando certo, já que Kites / Like the Sun Like the Fire (1967) alcançou o décimo lugar nas paradas do Reino Unido. Apesar do sucesso da canção Kites, odiada pelos irmãos Shulman por ela não os representar essencialmente, o grupo não repetiu o mesmo sucesso nos lançamentos posteriores.
Antes de se desmanchar e tornar-se Gentle Giant, o Simon Dupree chegou a contratar Reginald Dwight, tecladista até então desconhecido, para substituir Eric Hine, que havia se adoecido. Durante uma turnê do Simon Dupree pela Escócia, Dwight apresentou suas composições para os Shulman, na esperança de que eles se interessassem por alguma, mas não obteve sucesso e foi rejeitado pelos integrantes. Mais tarde, Dwight alcançaria sucesso a nível mundial, após trocar seu nome artístico para Elton John.
Faixa-a-faixa: lado A
Three Friends introduz seu conceito desde as artes da capa e contracapa desenhadas por Rick Breach. Elas mostram, respectivamente, a união de três figuras, ou seja, os amigos de infância que têm pensamentos e personalidades parecidas, e o desencontro destes, devido às escolhas ou destinos divergentes que fazem com que eles virem as costas uns aos outros; o pássaro o qual guarda o elo na primeira imagem é visto levando embora o laço da amizade; agora, os amigos não se reconhecem mais na maneira de enxergar, pensar e viver a vida.
Ao colocar o vinil na vitrola e dar o play, o ouvinte logo percebe o rufar do tambor em Prologue, música que, de cara, apresenta um Gentle Giant mais sério em comparação aos registros anteriores. Seguida da entrada do baixo (Ray), órgão, piano e minimoog (Minnear), saxofones (Phil) e da guitarra (Green), a música se transforma em um riff tenso o qual traz a sensação de que algo ruim está para acontecer, oferecendo variações ligeiras e virtuosas por parte dos integrantes.
Após a deixa do baixo fuzz (Ray), Phil se põe a cantar a letra escrita por ele, Derek, Minnear e Ray – todas as composições líricas do álbum são dos quatro. Trata-se de um verdadeiro prólogo a respeito do momento em que a amizade entre os três garotos é feita: “Três amigos são feitos, três vidas são risos e lágrimas/ Durante anos de escola e brincadeiras, eles compartilham”; juntos, seja na escola ou nas brincadeiras, os amigos têm experiências felizes e tristes, como toda amizade verdadeira. Os vocais harmonizados pelos quais o Giant seria reconhecido, em grande parte, nos álbuns seguintes, entram para anunciar a rápida passagem dos anos; “E o futuro chega sem preocupações”, ou seja, vem sem aviso prévio. Nesse meio tempo, Ray grava um violão de 12 cordas, dando mais delicadeza à tal seção da música.
Os riffs agitados retornam, mas logo cessam para a repetição da melodia anterior. Assim, Phil canta sobre o motivo da separação dos amigos: “Mas o destino, a habilidade e o acaso fazem sua parte/ O vento da mudança não deixa adeus/ Três meninos são homens e seus caminhos se distanciaram/ Eles contam suas histórias para justificar”. Tais versos implicam que um amigo era destinado a se tornar o que ele é, outro deixou o talento próprio o guiar e o último foi levado pelo acaso; o quarto verso ainda deixa aberto para duas interpretações decisivas ao entendimento do restante do álbum: os amigos podem ter se reencontrado e estão conversando sobre suas novas profissões e vidas ou eles “justificam” o fim da amizade por meio de suas histórias apenas para si mesmos, cada um em seu canto.
Na sequência, um riff executado por meio do baixo, guitarra, órgão e bateria faz a música mudar da água ao vinho. Ao passo que os segundos passam, Minnear vai adicionando novos efeitos de teclado e sintetizador ao riff, criado cada vez mais camadas sonoras, o que culmina na aceleração do baixo e retorno ao riff “tenso” principal, com destaque ao minimoog e órgão em tal virada. Com a adição do peso do baixo fuzz de Ray, que, também, praticamente sola com o baixo normal ao fundo, a música é encaminhada ao final de maneira agitada, deixando um gosto de “quero mais” ao ouvinte, como todo bom prólogo de livro.
O riff incomum e nostálgico de vibrafone (Minnear) e guitarra (Green) introduz Schooldays, que diz sobre os tempos de escola dos três amigos: “O sino toca e tudo está chamando/ Os dias passados, o elenco da peça/ Lembre-se, setembro/ Quando estávamos juntos”. Nos versos seguintes, os amigos se lembram de como eram felizes e não precisavam se preocupar com muita coisa, em um sincero lamento por esses dias não poderem voltar mais. No quesito instrumental, o Giant cria um dos arranjos mais complexos do álbum, em uma intercalação de instrumentos, a saber: guitarra por Green, triângulo e vibrafone por Minnear e bumbo e hit-hat por Mortimore; no refrão, após a ponte cheia de ginga do teclado e vibrafone, chegam o mandolin (Green), tarola (Mortimore), baixo (Ray) e piano elétrico (Minnear) para incrementar o arranjo.
A repetição da frase “Quanto tempo é sempre, não é estranho?/ Os dias de escola juntos, por que eles mudam?”, juntamente do aumento na velocidade do ritmo, com ênfase no baixo frenético de Ray, precede a passagem inesperada e gradual que encaminha a música ao momento mais melancólico do disco. Minnear comanda o arranjo de piano e mellotrom, misturando-se à fúria trazida pelo bater nos pratos de bateria e a marcação do baixo. O pianista progressivamente tece a nova lógica musical até chegar no momento do próprio canto, sendo seguido por pequenas intervenções de pratos e baixo. Minnear atinge o auge da melancolia quando canta, com sua voz delicada: “Lembre-se, lembre-se de quando nós/ Juntos fomos para o mar”. Os amigos estão a se lembrar dos pequenos detalhes de suas experiências juntos a exemplo da estrofe “O grito da gaivota e o sorvete rosa/ E o céu azul profundo e as ondas pareciam altas/ E a areia dourada/ E a banda de música da cidade toca”. Durante os refrães, Calvin Shulman, filho de Phil, realiza a “voz de criança” na gravação.
A canção ganha a batida da bateria e tímidas linhas de baixo para a última seção antes da entoação dos versos que representam a separação dos amigos, na “linha cronológica” dos acontecimentos: “Lem-bre-se/ Foi-se, foi-se, foi-se” – a palavra “remember” é dividida em três sílabas durante o canto, e “gone” é repetida três vezes, fazendo referências a cada um dos caminhos divergentes agora traçados pelos amigos. Antes do fim, Schooldays ainda ganha uma sonoridade jazzística que remonta o estilo da música brasileira, especificamente o samba, devido à chamada de tamborim, ao molejo do pandeiro – ambos gravados por Green –, ao capricho dos bongôs (Minnear) e ao ritmo tomado pelos demais instrumentos; durante tal base à la Brasil, Minnear executa um solo virtuoso de vibrafone, sendo seguido pelo retorno do questionamento sobre o porquê de os tempos de escola mudarem, acompanhado do arranjo frenético; o som final, apropriadamente, é lento e melancólico.
Os amigos se separaram. Agora, o Giant falará a respeito de cada caminho seguido pelos antigos amigos, a começar pelo que se tornou mineiro por acaso, apresentado em Working All Day. De maneira esperta, Green introduz a faixa com um som de guitarra o qual vai diminuindo de velocidade com o tempo, assim como um trabalhador que passa o dia todo no emprego e, no chegar da noite, está esgotado. A sonoridade densa e pesada do vocal (Derek), baixo (Ray) e saxofone (Phil) logo invade a música, acompanhada do órgão (Minnear), da guitarra e da bateria (Mortimore).
Com a novidade do som do cravo (Minnear) e arranjos de sopros destacados durante as variações do riff, que, às vezes, é repetitivo para simular o trabalho manual cansativo do mineiro, a música continua até atingir o auge com o solo raivoso de órgão, o que conversa com a insatisfação do operário, retratada na letra. O personagem trabalha o dia todo, afoga-se no próprio suor, para ter o dinheiro que compra sua “fuga”, isto é, a saída daquela vida árdua; ele ainda diz que tinha ilusões quando jovem, mas agora enxerga a farsa da meritocracia defendida pela burguesia e as injustiças do mundo capitalista, nos versos “É fácil dizer que todos são iguais/ Então, olhe ao redor e veja que isso não é verdade” e “Eu como a poeira, o chefe fica com todo o dinheiro, a vida não é justa/ Eu ainda sou o mesmo que todas as outras pessoas, em quem posso confiar?/ Trabalhando o dia todo e nunca chegando a lugar algum/ O que posso dizer, trabalhando o dia todo?”. Por fim, voltando a descrever a música, Minnear acalma os ânimos com os arpejos de clavinet, simulando som de guitarra, até que os riffs pesados retornam para encerrar a história do primeiro amigo, fechando, também, o lado A do disco.
Lado B
O lado B inicia com a calmaria do canto de Phil a respeito do amigo o qual teve o caminho traçado a partir de suas habilidades para a pintura; retratado em Peel the Paint, faixa subsequente, o personagem encontra “o prazer e a dor em sua arte”. Enquanto o órgão de Minnear faz a base da música, o baixo de Ray acompanha o vocal até a chegada do arranjo de violinos, também performado por este último, e da bateria; a sonoridade suave das cordas soam como o movimento calmo do pintor enquanto trabalha em uma tela, sendo coerente com as frases “Perdido no silêncio, sem necessidade de pressa/ O tempo espera por ele, aquele que cria com o pincel”.
Assim, os musicistas repetem a estrutura musical da primeira parte, antes de Green invadir a música com um riff pesado de guitarra, juntamente do minimoog de Minnear e saxofone de Phil, dando início à seção em que Derek toma o microfone para executar vocais fortes que expressam a loucura e o desagrado do artista com sua vida; o eu lírico fala de si nos versos “Eu descasco a tinta, olho por baixo/ Você verá o mesmo, a mesma velha fera selvagem/ Retiro as camadas, as camadas do tempo/ E encontro os olhos loucos e veja os dentes afiados”. A parte final da música é levada por uma sequência de solos de guitarra, primeiramente mais pesado, depois mais suave e repleto de efeitos, acompanhados apenas pelo ritmo da bateria, que, às vezes, parece participar do solo; assim, a guitarra sobe o volume e a bateria chama os riffs densos mais uma vez à dança, trazendo o fim da faixa de maneira “rock ‘n’ roll”.
Um gingado envolvente levado pelo órgão, baixo, guitarra e pandeiro dá início a Mister Class and Quality?, que conta a história do último personagem, um trabalhador de colarinho branco. Após a introdução criativa em que cada músico trabalha em linhas de notas musicais diferentes, a canção é encaminhada para o riff principal, que ganha adição do violino de Ray e vocal de Derek, que performa o personagem o qual acredita que todas as suas conquistas são fruto do conhecimento adquirido durante a vida. Para a segunda parte do relato do homem de classe e qualidade, que escolhe seus amigos apenas para benefício próprio, os musicistas criam uma pequena variação no riff, deixando a impressão de a música estar mais ligeira, embora esteja no mesmo andamento.
Após a primeira parte, a canção passa por uma ponte até chegar na sequência instrumental diversa, com variações de frases de transição de guitarra e riffs empolgantes de piano, órgão e baixo; em um certo momento, a sonoridade fica alegre, representando a vida bem-sucedida do personagem em questão, mas por pouco tempo, já que solo de teclado com efeito de minimoog distorcido vem para elucidar a insatisfação do terceiro amigo quanto à alegria falsa trazida pelos bem materiais; mais à frente, Green e Minnear adentram a música com solos de guitarra e teclado com efeito, respectivamente, oferecendo a interpretação de que o personagem se perdeu, por um momento, em suas convicções entrelaçadas; a nostalgia de amizades verdadeiras que nunca voltarão contrasta com a riqueza conquistada à base de exploração e amigos falsos, deixando-o pensativo sobre o que importa, de fato.
No entanto, tal confusão sonora é interrompida pelo retorno do riff principal, que representa a prevalência do pensamento arrogante de que a riqueza final recompensa as consequências da perda dos antigos e verdadeiros amigos, em coerência com os versos cantados de maneira enérgica por Derek: “Nunca entendi o artista/ Ou os trabalhadores preguiçosos/ O mundo precisa de homens estáveis como eu/ Para dar e receber as ordens”. Para o fim da faixa, o Giant reserva uma das passagens musicais mais geniais de todo o álbum, levando o ouvinte à música seguinte sem que ele perceba.
Three Friends é encerrado de maneira surreal e transcendente com a faixa-título, que traz a combinação angelical das vozes de Derek, Minnear, Phil e Ray, acompanhada de um instrumental nostálgico e inoxidável o qual repete a lógica do riff inicial da canção anterior, em um ritmo mais lento. Por meio de uma “facada” no coração do ouvinte que não esperava, o Giant enfatiza a separação dos três que um dia foram amigos, mas agora são parte de um passado o qual nunca voltará: “Uma vez três amigos/ Doces em tristeza/ Agora parte de seu passado”. Tendo que se conformar, vivenciar as loucuras ou se render às glórias que o dinheiro pode comprar, os amigos, às vezes, lembram-se uns dos outros, em uma mistura de alegria e tristeza, aquela emoção por serem lembranças felizes e esta devido à impossibilidade em reviver tais momentos senão por meio das memórias: “No final/ Cheios de alegria/ Foram de aula em aula”; os três amigos se encontram, mas apenas na vaga recordação das brincadeiras da infância, dos dias de escola.
Como supracitado, musicalmente, a banda recria o riff inicial de Mister Class and Quality?, o que pode ser interpretado como o funcionamento do mundo a partir das vontades das pessoas ricas, isto é, o último amigo apresentado na história. A lógica musical dessa derradeira faixa do disco representa a sociedade, muitas vezes guiada pelos desejos e injustiças impostas pela burguesia. Também é possível enxergar as personalidades dos amigos nos instrumentos: o mineiro é representado pela bateria enérgica, o trabalhador de colarinho branco pelas linhas de baixo e guitarra, que definem como as coisas são, e o artista, às vezes na contramão da conformidade, pelo mellotrom suave e despreocupado. Embora separados pelo acaso, habilidade e destino, os amigos tecem a realidade do convívio social, e vão seguindo até o fim da vida, assim como a música, que diminui de volume gradualmente para encerrar essa profunda viagem conceitual.
Significado
Mais do que uma simples história de três amigos que se desencontram no decorrer da vida, Three Friends apresenta uma crítica ao pensamento de que todos têm a mesma chance de construir uma vida estável por meio de trabalho, em detrimento do cultivo de boas amizades. Um exemplo disso é a crença do trabalhador de colarinho branco no próprio mérito em relação às próprias conquistas, sendo que os outros dois personagens também trabalham arduamente, e não conseguem atingir o mesmo patamar.
Na minha opinião, é fraco o argumento de que os três amigos se reencontraram e estão conversando entre si a respeito de suas insatisfações. Não ironicamente, defendo isso a partir de três motivos: a “justificativa de suas profissões” por meio do conto de suas histórias, o que, de fato, na primeira faixa, oferece margem para a interpretação de que eles estão em uma reunião, nunca mais é abordada no decorrer do disco; as três músicas sobre a vida pessoal dos personagens não tem conexão lírica entre elas, isto é, estão soltas, com cada amigo refletindo sobre sua vida apenas consigo mesmo, nos pensamentos próprios, e não em um diálogo com outras pessoas; a faixa-título deixa claro que os personagens os quais, certa vez, já foram amigos, agora fazem parte unicamente do passado.
Ademais, Three Friends é um belo disco sobre a importância da amizade na vida do ser humano, embora o Giant tenha optado por abordar isso através de uma história deverás triste de três amigos que se separaram por conta do futuro que a vida lhes reservou. Apesar da simplicidade das letras e do conceito de fundo, o terceiro álbum desta que é uma das mais complexas bandas de rock progressivo pode, também, apresentar profundidade e dar margem a interpretações multifacetadas, ao mesmo tempo que oferece uma lição de vida única aos ouvintes mais atentos.
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