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King Crimson, Pink Floyd, ELP, Renaissance e Yes – Álbum #3

Sequência em que as letras são destaque, acompanhadas por instrumentais exuberantes

Montagem com álbuns de rock progressivo

Peace – A Beginning – King Crimson (1970)

Após o sucesso de seu disco de estreia, In the Court of the Crimson King (1969), que contou com a formação clássica de Robert Fripp, Greg Lake, Ian McDonald, Michael Giles e Peter Sinfield, o King Crimson dissolveu-se, restando apenas Fripp e Sinfield, devido às divergências de criação de McDonald e Giles em relação à sonoridade a qual a banda estava tomando, e à insegurança de Lake quanto ao futuro do grupo. Apesar da saída oficial de Lake e Giles, os músicos concordaram em gravar vocal e bateria, respectivamente, para o disco seguinte da banda, In the Wake of Poseidon, que também conta com o baixo de Peter Giles, sopros de Mel Collins, piano de Keith Tippett, vocal de Gordon Haskell em uma das faixas, além da guitarra, mellotron, celesta, Hohner pianet, dispositivos e produção de Fripp e as letras e coprodução de Sinfield.

 

O 2º álbum de estúdio do Crimson é introduzido pela curta Peace – A Beginning, a primeira de uma série de 3 faixas com o nome “Peace...”, distribuídas durante o disco, contando com apenas o vocal angelical de Lake e algumas notas de guitarra mais ao fim. Escrita por Sinfield, a letra diz “Eu sou o oceano, iluminado pela chama/ Eu sou a montanha, Paz é o meu nome/ Eu sou o rio tocado pelo vento/ Eu sou a história, eu nunca termino”, fazendo alusão ao que a paz representa. De acordo com o compositor, os versos são sobre a vida natural e pacífica no campo, interrompida, na faixa seguinte, com a chegada das cidades.

 

Pictures of a City – King Crimson (1970)

Dando sequência ao conceito da canção anterior, Pictures of a City, também escrita por Sinfield, apresenta imagens diversas do caos de uma cidade grande, tendo Nova Iorque como inspiração. A paz precedente é invadida pelos sons de guitarra, baixo, saxofone e bateria, criando uma sonoridade densa e pesada que remonta, no riff principal, o compasso do blues e o estilo jazz-rock. Solos e riffs frenéticos de guitarra e baixo, acompanhados da bateria caótica, contrastam com a parte mais calma da faixa, que termina com a confusão psicodélica dos instrumentos, relembrando a mesma estrutura de 21st Century Schizoid Man, clássico do 1º álbum da banda.

 

Dogs – Pink Floyd (1977)

Inspirado pelo livro A Revolução dos Bixos (1945), de George Orwell, Roger Waters, principal criador lírico do Pink Floyd resolveu criar um álbum conceitual para criticar o capitalismo e a sociedade britânica de sua época. Tal disco se tornaria Animals, 10º trabalho de estúdio da banda, que conta com 5 cinco faixas, sendo 3 delas o centro do conceito: Dogs, que seriam os “homens de negócios”, Pigs (Three Different Ones), os políticos detentores do poder, e Sheep, as pessoas obedientes e pouco questionadoras. Nessas canções, o grupo apresenta cada “classe” da sociedade ao ouvinte, a começar por Dogs, que fala sobre os “predadores” responsáveis por manter os políticos no poder; na letra escrita por Waters e David Gilmour, essas pessoas fazem o possível para se sobreporem, isto é, ficam à espreita esperando a hora certa de “atacar”, mentem e constroem uma imagem confiável para que tenham a chance de passar os outros para trás, assim que esses viram as costas.

 

Musicalmente, o Pink Floyd constrói uma de suas composições mais rebuscadas, com Gilmour realizando vocais, violão e o que muitos consideram o auge dele na guitarra, Waters também cantando (na seção final) e gravando violão, além de aprimorar seu alcance criativo no baixo, Richard Wright compondo arranjos fantasmagóricos de sintetizador, órgão, minimoog e outros elementos e Nick Mason acompanhando a versatilidade da banda na bateria, como sempre, de maneira fundamental. Em uma estrutura a qual varia diversas vezes no decorrer, a música possui 4 momentos distintos, sendo eles a parte principal, que introduz a faixa embalada pela forte presença dos violões, frases de guitarra e vocal de Gilmour, a parte dos solos de guitarra, em que o ritmo tem a velocidade reduzida, o momento psicodélico, ou seja, a famosa parte em que se ouve repetidamente “stone, stone, stone...”, acompanhado do arranjo memorável de Wright nas teclas, e o final emblemático com o canto de Waters, riffs de guitarra e baixo e a bateria explosiva.

 

Trilogy – Emerson, Lake & Palmer (1972)

Misturando o lado calmo com o caótico do Emerson, Lake & Palmer, Trilogy é introduzida pelo sintetizador o qual soa como violino, seguido pelo piano inspirado de Keith Emerson, compondo a primeira parte da canção junto com o vocal limpo de Greg Lake, que canta a letra composta por ele próprio sobre um amor que terminou. Quando Emerson traz mais velocidade para as notas no piano, a música logo se transforma em um show de sintetizadores, piano e minimoog, acompanhados pela cozinha frenética de Lake (baixo) e Carl Palmer (bateria). Após o estarrecedor solo de minimoog, os músicos mudam abruptamente a música para uma nova parte, que continua sendo criada a partir das camadas de minimoog, linhas rápidas de baixo e ritmos complexos de bateria, acrescentados pela volta dos vocais de Lake e o uso do órgão Hammond. Emerson executa outros solos impressionantes com seus sintetizadores antes do fim, que, no fundo, relembra o blues.

 

Sounds of the Sea – Renaissance (1972)

Visto como o “recomeço” do Renaissance na cena progressiva, o álbum Prologue, lançado em 1972, conta com a colaboração de diversos integrantes clássicos da banda, a exemplo da cantora Annie Haslam, o pianista John Tout, o baixista Jon Camp e o baterista Terence Sullivan, além do guitarrista Rob Hendry, que deixaria o grupo após as gravações de tal álbum. Sons de águas correndo e gaivotas cantando introduzem Sounds of the Sea, uma balada calma composta por Michael Dunford, que havia deixado o Renaissance após o álbum Illusion (1971), e pela letrista inglesa Betty Thatcher. O belo piano de Tout logo adentra a música, que tem o nível elevado ao céu com a entrada do belo vocal de Haslam, que canta sobre o desejo de alguém em ouvir novamente os sons do mar corrente e das gaivotas; olhando para as “piscinas congeladas”, essa pessoa vive o inverno solitário e silencioso, sonhando com a volta do verão e descongelamento do mar. Durante a canção, Camp executa algumas linhas de baixo e Sullivan capricha com os pratos de bateria e percussão; o final é embelezado pelo falsete característico de Haslam, enquanto retornam os sons “imaginários” das gaivotas e do mar.

 

The Revealing Science of God (Dance of the Dawn) – Yes (1973)

Representando o lado A inteiro de Tales From Topographic Oceans, indiscutivelmente o álbum mais progressivo do Yes, The Revealing Science of God (Dance of the Dawn), escrita por Jon Anderson e Steve Howe, é baseada na classe Shruti da escritura hindu, que o iogue e guru indiano Paramahansa Yogananda descreveu como escrituras que são “ouvidas diretamente” ou “reveladas”. De acordo com Anderson, “a ciência reveladora de Deus pode ser vista como uma flor permanentemente aberta, da qual emergem as verdades simples, registrando as complexidades e a magia do passado, e fazendo-nos ver que não deveríamos esquecer nunca a canção que nos foi dada escutar. O conhecimento de Deus é uma indagação objetiva e constante.” Em seus mais de 22 minutos, a canção parece ser sobre o sentido da vida, a essência do universo, a luz de Deus; é uma introdução à longa viagem espiritual pelos oceanos topográficos os quais o indivíduo está prestes a peregrinar em seu subconsciente, por meio da música rebuscada e super progressiva do Yes.

 

Musicalmente, a banda constrói uma de suas músicas mais longas e diferenciadas, bastante inspirada por tal conteúdo religioso pelo qual o vocalista Anderson ficara obcecado. Variando entre momentos calmos e agitados, a composição inicia com a emulação do som do fundo do oceano, cresce com a entrada dos vocais e demais instrumentos, e continua com os riffs e frases principais de guitarra (Howe) e baixo Chris Squire), acompanhados pelas camadas de teclados e sintetizadores (Rick Wakeman) e pela bateria de Alan White, recém-chegado à banda. Por volta dos 11 minutos, a música entra em uma variação em que os sintetizadores ganham destaque, construindo uma sonoridade mais “tensa”; logo após, os músicos voltam à melodia agitada, culminando em um solo de guitarra. Uma nova variação faz a música se acalmar, sendo coerente com o verso “E através do ritmo de mover-se lentamente”; o sintetizador volta a aparecer e, junto com a performance emocionante de Anderson e demais instrumentos, conduzem a faixa ao fim, marcado, em um primeiro momento, pelo solo de minimoog, que é seguido pela crescente construída de maneira progressiva, até que a calmaria toma conta, finalmente.   


Confira a sequência na playlist The Endless Progressive, disponível nas principais plataformas de streaming.



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Blog editado por Caio Alves, graduando em Jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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