Yes, ELP, Camel, King Crimson, Jethro Tull, Pink Floyd, Renaissance e Caravan - Álbum #1
- Caio Alves
- 10 de mai. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 10 de mai. de 2024
Sequência composta por algumas das principais bandas inglesas de rock progressivo
Close to the Edge (I. The Solid Time of Change, II. Total Mass Retain, III. I Get Up I Get Down, IV. Seasons of Man – Yes (1972)
Após 4 álbuns de estúdio e algumas reformulações na banda original, o Yes do vocalista Jon Anderson, guitarrista Steve Howe, baixista Chris Squire, tecladista Rick Wakeman e baterista Bill Bruford alcança o que pode ser considerado o auge de criatividade e virtuosismo do grupo britânico de rock progressivo, com uma canção a qual tem como tema a busca pela evolução espiritual e o autoconhecimento, o que pode ser notado não apenas na letra concebida por Anderson e Howe, mas também no instrumental. O início repleto de confusão, com a banda parecendo estar em uma batalha de instrumentos, faz referência à desorganização mental; embalado pelo órgão de igreja que remonta Johann Sebastian Bach, o sujeito passa pelo processo de descoberta de si mesmo; ao fim, o Yes alcança o céu do prog rock e cai lentamente, em um épico final que representa a jornada do indivíduo sendo concluída.
Tarkus (I. Eruption, II. Stones of Years, III. Iconoclast, IV. Mass, V. Manticore, VI. Battlefield, VII. Aquatarkus) – Emerson, Lake & Palmer (1971)
Precocemente em seu segundo álbum de estúdio, o supergrupo inglês Emerson, Lake & Palmer cria o que pode ser chamado de um dos pontos altos da carreira do trio, considerando que futuramente eles lançariam outros épicos, a exemplo das três impressões de Karn Evil 9. Escrita em apenas 6 dias, principalmente por Keith Emerson, Tarkus conta a trajetória de batalhas da criatura de mesmo nome, paralelamente abordando a temática da futilidade da guerra. Pessoalmente, sempre achei que a letra e o instrumental contam histórias diferentes. Fato é que Tarkus, com seus 20 minutos de duração e 7 partes, representa uma das músicas mais bem quistas do rock progressivo, com a rapidez de Emerson nos teclados, as linhas de baixo e o vocal angelical de Greg Lake e a excepcional bateria de Carl Palmer.
Nimrodel/The Procession/The White Rider – Camel (1974)
Subdividida em três seções, a terceira faixa do clássico Mirage, segundo álbum da banda inglesa Camel, inicia com tom espacial, passa por um ritmo de marcha e segue com os vocais, riffs de guitarra e suaves arranjos de flauta por Andrew Latimer, o mellotron, que oferece um tom de mistério, e o solo de minimoog por Pete Bardens, além da marcação do ritmo pelo baixo de Doug Ferguson e pela bateria de Andy Ward. Variando entre melodias mais calmas e outras mais rápidas, sobretudo na última parte, a canção, composta por Latimer, é baseada em um personagem de O Senhor dos Anéis. O final é levado por um riff pesado junto do solo experimental de guitarra, terminando com uma sonoridade de névoa.
Fallen Angel – King Crimson (1974)
Amostra do lado pesado do grupo britânico King Crimson no álbum Red, a canção, escrita por Robert Fripp, John Wetton e Richard Palmer-James (ex-Supertramp), inicia com uma melodia obscura e segue com o vocal limpo de Wetton, o arranjo calmo de violão e guitarra de Fripp e a bateria de Bill Bruford, além das linhas de oboé, instrumento de sopro. Mais à frente, as camadas de guitarra de Fripp fazem a música ir ao heavy metal, sendo acompanhadas pelo saxofone, bateria e baixo, formando um riff progressivo e pesado. Embora apenas em trio, o King Crimson, que entraria em um hiato de cerca de 6 anos, mostra sua força com uma canção que fala sobre a destruição da vida de alguém que tinha um futuro promissor.
My God – Jethro Tull (1971)
O esforço mais progressivo da banda inglesa Jethro Tull no clássico Aqualung, My God, composta por Ian Anderson, ironiza a igreja hipócrita e a maneira como a religião é imposta às pessoas, sobretudo as crianças, não deixando que elas escolham a própria crença. Iniciando de maneira calma com o violão e vocal de Ian Anderson e o piano de John Evans, crescendo com os riffs de guitarra de Martin Barre, a bateria de Clive Bunker e o baixo creditado a Jeffrey Hammond – o último instrumento pode ter sido gravado por Glenn Cornick, baixista demitido da banda após os primeiros ensaios de My God –, passando pelo solo de flauta característico e um coral que remonta o canto gregoriano, e chegando ao fim com a suavidade do início, a música se tornou uma das mais conhecidas do grupo.
South Side of the Sky – Yes (1971)
Por meio de riffs muito bem combinados entre a guitarra de Howe e o baixo de Squire, um vocal emitido com força por Anderson, intermediações de piano por Wakeman, combinação de vocais e a bateria quase jazzística de Bruford, o Yes compõe um dos destaques do clássico Fragile, álbum bastante celebrado na cena progressiva. A letra, escrita por Anderson e Squire, conta a história de um grupo de amigos que fracassaram em uma expedição polar, que terminou na morte deles. Alguns trechos, como o que diz “O sol nas montanhas às vezes perdido / O rio pode desconsiderar o custo / E derreter no céu / O calor quando você morre”, oferecem o significado de que a situação dos viajantes era tão extrema ao ponto de a morte ser considerada um alívio para eles. Em alguns momentos, ouve-se o som do vento gelado, o que contribui na imersão da música.
Time – Pink Floyd (1973)
Uma das canções mais conhecidas do vasto repertório do grupo britânico Pink Floyd, Time, creditada aos quatro integrantes, David Gilmour (guitarra e vocal), Roger Waters (baixo), Richard Wright (teclado e vocal) e Nick Mason (bateria), trata sobre como desperdiçamos o tempo de nossas vidas com futilidades e deixamos a verdadeira vida passar; quando nos damos conta, “Dez anos se passaram”, e fizemos “Planos que dão ou em nada / Ou em meia página de linhas rabiscadas”. Iniciando com os diversos sons de sinos, a música segue com uma melodia vibrante, acrescentada de um dos melhores solos de guitarra de Gilmour, os vocais fortes deste em contraste com a suavidade da voz de Wright, e terminando com uma reprise de Breathe, segunda faixa do super clássico The Dark Side of the Moon.
The Great Gig in the Sky – Pink Floyd (1973)
Seguindo o jogo como se estivéssemos no álbum, o piano de Wright introduz a próxima faixa, que logo ganha a performance irredutível da cantora britânica Clare Torry, eternizada por meio de sua contribuição à melodia da canção, que diz respeito à sobreposição da morte em relação a vida. De fato, o canto parece fazer alusão a alguém que está morrendo aos poucos, iniciando com um grito de dor e alucinação, passando pela lamentação e a lembrança da vida, e diminuindo a frequência, aos poucos, por meio dos solfejos da cantora. Futuramente, Torry brigaria e ganharia na justiça o título de coautora da música, recebendo, ainda, um valor não revelado em dinheiro.
Can You Understand? – Renaissance (1973)
O despertar do gongo antecede a introdução de 2 minutos e meio de linhas crescentes de piano criadas por John Tout, acompanhadas do baixo marcante de Jon Camp e da bateria essencial de Terence Sullivan; mais à frente, um coral prevê a base de violão feita por Michael Dunford e a voz angelical de Annie Haslam, que performa a letra poética escrita pela inglesa Betty Thatcher e por Dunford, a qual diz respeito à busca pela saúde mental e a paz consigo mesmo, em uma construção melódica que relembra a música do tempo medieval. Acompanhada dos arranjos de cordas coordenados por Richard Hewson, a banda ingressa Renaissance cria uma de suas canções mais notáveis dos anos 1970.
Nine Feet Underground (a. Nigel Blows a Tune, b. Love's a Friend, c. Make It 76, d. Dance of the Seven Paper Hankies, e. Hold Grandad by the Nose, f. Honest I Did!, g. Disassociation, h. 100% Proof) – Caravan (1971)
Encerrando esta primeira sequência progressiva, tem-se o épico de 8 partes lançado pelo Caravan em In the Land of Grey and Pink, terceiro álbum de estúdio do grupo formado em Canterbury, Inglaterra, e um dos principais discos do movimento que ficou conhecido como cena de Canterbury, em que as bandas utilizavam elementos do rock, jazz, psicodelia e improvisação. Creditada a todo o grupo, a letra da canção, em um primeiro momento, trata da experiência com o amor. A introdução da faixa dura mais de 5 minutos, embalada pelos solos diferenciados do pianista Dave Sinclair, seguida da seção em que a música ganha os acréscimos do vocal de Pye Hastings, das linhas de baixo marcantes de Richard Sinclair e da bateria frenética gravada por Richard Coughlan. Nas partes seguintes, a música varia entre ritmos mais lentos e rápidos, com bastante improvisação, sobretudo de órgão fuzztone, e sonoridades misteriosas que incluem gritos e tiro de canhão. A penúltima parte se desataca com o canto de Richard Sinclair sobre memórias afetivas e existencialismo, acompanhado do arranjo suave de piano, cozinha e flauta, além da guitarra psicodélica, até que a banda retorna ao ritmo frenético para encerrar a música.
Confira a sequência na playlist The Endless Progressive, disponível nas principais plataformas de streaming.
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