Carolina Emília é versátil unindo MPB, jazz, samba, música mineira e outros estilos nas regiões de Uberlândia e São Paulo
- Caio Alves
- 25 de mai. de 2024
- 4 min de leitura
Cantora uberabense criou o projeto Jazz do Cerrado e pretende lançar primeiro álbum de estúdio
Carolina Emília é uma cantora natural de Uberaba, MG, que atua em bares e eventos de Uberlândia, São Paulo e região com um repertório diverso o qual inclui música popular brasileira, samba, bossa nova, música mineira e jazz. Graduanda em Música na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde encontrou parceiros para acompanhá-la nos palcos, Emília começou a cantar profissionalmente em 2018, embora a relação com a música seja de longa data. Idealizadora do projeto Jazz do Cerrado, que busca unir as sonoridades da MPB e do jazz, a cantora pretende, no segundo semestre de 2024, gravar seu primeiro álbum de estúdio, que será distribuído pela Tratore, contando com material físico e lançamento nas plataformas de streaming.
Em entrevista ao Escutei nos Discos, a artista revela que o registro contará com referências do Jazz do Cerrado, mas não em sua totalidade, acrescentando que será realizado com compositores da região e participações especiais de grandes nomes da música brasileira. Emília ainda opina sobre o disco ser “importante para o artista, para a gente comunicar quem somos musicalmente, o que a gente quer fazer, onde queremos estar”.
A cantora, que inicialmente queria tocar violão, mas viu a prática de escutar e cantarolar melodias ganhar mais espaço em seu dia a dia, morou nos Estados Unidos durante parte da infância, sendo influenciada pela cultura do país norte-americano, sobretudo a música e os desenhos animados. De 7 para 8 anos de idade, ela voltou ao Brasil, deparando-se com uma realidade totalmente diferente. Os anos se passaram e Emília foi se interessando cada vez mais pela música brasileira, por meio da influência de pessoas que trabalhavam com a MPB e música instrumental e por se interessar pelas letras das composições brasileiras, o que até a fez considerar cursar Psicologia. Após um tempo trabalhando na área da gastronomia, a artista começou a enxergar o meio musical como uma oportunidade de colaborar com o que gosta, e então decidiu, aos 24 anos, ganhar a vida cantando nos palcos. Além das apresentações nos bares e eventos, Emília também é professora de canto, produtora local e cantora convidada da Orquestra Popular do Cerrado (OPC), a Big Band de Uberlândia.
Jazz do Cerrado
O projeto Jazz do Cerrado foi criado por Emília em 2022, sob o desejo de realizar um trabalho voltado para a música brasileira e o jazz. A artista conta que, quando foi para Uberlândia, tinha um repertório de muitas músicas diferentes, visto que não era acompanhada por uma banda ou musicista fixo. “Eu estava sempre chamando músicos diferentes, então era sempre ‘Carolina Emília e tal e tal pessoa’. Aí tem um bar aqui na cidade, o Libertas, que geralmente funciona muito bem com nome de projeto, e eu comecei a fazer lá com o pessoal”, diz.
Ela acrescenta que o Jazz do Cerrado traz uma proposta de música mais animada e que fale um pouco dos músicos da região, não sendo necessariamente uma banda, mas um projeto que traz a figura da cantora, que direciona repertório e referências, e os musicistas que podem acompanhá-la para um determinado show. “É um projeto que está aí para ser versátil, com músicos versáteis”, enfatiza Emília.
A tradicional cena de jazz de Uberaba também foi um fator que contribuiu para a escolha de repertório e o nascimento do projeto. Segundo a cantora, a chamada “segunda jazz” acontece na cidade há cerca de 20 anos e é responsável por formar diversos instrumentistas, que seguem para uma onda de artistas renomados, como Pat Metheny, Toninho Horta, Jaco Pastorius etc.
Influências
Ao ser indagada sobre suas principais influências no meio musical, Emília primeiramente cita Elis Regina, quem a fez ganhar gosto pelo canto. “Ela foi uma grande influência para mim, porque pensei: ‘Isso aqui é uma coisa que posso fazer’. Eu não gostava muito dessa posição de ser cantora, é difícil, muito complicado. Mas aí eu entendi que não, eu posso dar voz para esse lugar”, relata a musicista, que criou o “Especial Elis Regina”, com um repertório dedicado à eterna cantora gaúcha. Emília também cita Mônica Salmaso, Guinga, Paulo César Pinheiro, Chico Buarque, Djavan, Eduardo Machado, Flora Purim, Arthur Verocai, Airto Moreira, Azymuth, Filó Machado, Yuri Popoff, Ed Motta – ela recorda o groove e os acordes “abertos” das músicas desse último – e outros.
O clube da esquina de Milton Nascimento é outra vertente importante para a cantora, visto que seu repertório conta com diversas canções do movimento mineiro, como Fé Cega, Faca Amolada (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos), Cravo e Canela (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos), Céu de Brasília (Toninho Horta/Fernando Brant) e outras. “O Toninho Horta me levou muito para o jazz brasileiro, e eu já gostava muito de música instrumental”, afirma a artista, que abriu show de Horta no festival Circuito Jazz Uberaba e cantou ao lado do guitarrista em ocasião de show deste em Uberlândia. Emília também foi convidada por Murilo Antunes, grande letrista ligado ao clube da esquina, a se apresentar no projeto Música e Poesia.
A cantora também valoriza a influência advinda dos artistas regionais, citando Carlos Menezes, professor de Música da UFU que a convidou para o show “Canções e Recanções”, ocorrido no Cineteatro Nininha Rocha, em 2023, e Daniel Lovisi, violonista, guitarrista e compositor o qual já colaborou com o Jazz do Cerrado e gravou algumas releituras com a musicista. Pelo link abaixo, você confere o vídeo de Emília e Lovisi performando Boca de Leão, de Filó Machado e Judith Souza, publicado no canal do YouTube da cantora.
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